Tribuna Livre: novo terreno da Apae-VNI e inclusão social de portadores de Síndrome de Down

Há, no Brasil, mais de 300 mil pessoas com Síndrome de Down. No Espírito Santo, são cinco mil pessoas com a condição. E a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae-VNI) faz o trabalho de acompanhamento na saúde, mas vai além: busca a inserção cidadã dessas crianças, jovens e adultos. E o 21 de março, Dia Mundial da Síndrome de Down, é a data perfeita para discutir o assunto.

O presidente da Apae-VNI, Arildo Nunes Reis, falou na última terça-feira (21) na Tribuna da Câmara de Vereadores de Venda Nova do Imigrante. Ele ressaltou ser um dia para garantir que os portadores tenham as mesmas liberdades e oportunidades de todos os cidadãos. “Hoje atendemos um público de 170 usuários, 15 deles com Síndrome de Down. A condição tem diminuído, mas o autismo tem crescido muito e é nosso maior público usuário. Temos uma fila de espera com 23 pessoas aguardando vaga. No ano passado o crescimento foi de 35%. Hoje temos uma deficiência de atendimento por falta de profissional. Procuramos, mas não encontramos no mercado”.

Para manter toda essa estrutura, continua Reis, a despesa é de R$ 85 mil mensais. “Com a ajuda da Câmara Municipal - que sempre foi nossa parceira-, Prefeitura Municipal, comunidade, comércio local, sócios contribuintes e voluntários estamos com nossas contas em dia. Venda Nova é uma cidade diferente. Aqui, quando a Apae pede, nunca ouve um não. Sempre dizem sim”, ressalta Reis. 

"Gostaria também de informar que, recentemente, por necessidade, adquirimos um terreno de 700 metros, anexo ao complexo da Apae, em Bananeiras. Parcelamos o valor dos lotes em 12 vezes e fechamos o negócio. Por isso fazemos esse apelo, pois temos de pagar. E vamos pagar, pois nunca deixamos a ‘peteca cair’. São R$ 700 mil, sendo que já demos uma entrada de R$ 200 mil”, continuou o presidente da instituição, lembrando também do trabalho da comunidade em prol da Apae, o que contribui para que as contas fechem no azul. 

O presidente da Câmara, Erivelto Uliana, enfatizou que o objetivo social da Apae está entre os mais nobres. “As diretorias vêm, desde 1988, desempenhando seu papel social com louvor e coerência, sempre ampliando os trabalhos e a estrutura física. Isso mostra a capacidade da administração”. 

Números no país

A Síndrome de Down não é considerada uma doença, mas uma condição genética. Ela é gerada no momento da concepção pela terceira cópia do cromossomo 21 em todas as células do organismo, que leva o nome de Trissomia. E a data escolhida como o Dia Mundial da Síndrome de Down é bastante simbólica: 21 de março (a terceira cópia do cromossomo 21, ou 21/3, ou 3/21, em países de língua inglesa). 

E a data é o momento de firmar os rumos das ações feitas para esse público. A fisioterapeuta da Apae-VNI, Júlia Lopes Tedesco, salientou isso na Tribuna da Câmara e abordou o reconhecimento das necessidades dos portadores da síndrome, seus direitos e desafios. 

“É preciso garantir que eles tenham protagonismo nos espaços e possam superar os desafios da vida. Então, é preciso, cada vez mais, espaço de diálogo como esse. A Câmara de Venda Nova do Imigrante, sempre parceira da Apae, busca junto conosco efetuar ações e políticas públicas que impactam na pessoas”, ressaltou a fisioterapeuta. 

O vereador Márcio Lopes falou da importância do trabalho da Apae, dos dirigentes e funcionários. “Fico honrado de falar com você pelo seu trabalho”, disse dirigindo-se a Arildo Nunes Reis. 
“Você está no lugar certo, na instituição certa e cercado pelas pessoas certas. Temos de olhar a Apae com muita atenção. Estive no fim de semana por lá, e vi o cuidado com que todos trabalham por lá. Pode contar comigo”.

Os vereadores Marco Torres, Walace de Souza (Lacraia) e Amilton Pacheco cumprimentaram o presidente e a fisioterapeuta da Apae, ressaltando a importância da instituição para a comunidade de Venda Nova do Imigrante.  

A vereadora Aldi Caliman elogiou o trabalho feito pela diretoria e funcionários da associação. “Parabenizo a Apae e torcer para que o Executivo ajude na compra dos lotes. E que outras pessoas vistam a camisa da instituição”, disse.

O vereador Francisco Foletto cumprimentou e parabenizou os representantes da associação. "Chama a atenção a questão da inclusão social e do não ao preconceito. Que tenhamos consciência de que não é uma doença. São pessoas que têm uma condição muito boa de desenvolvimento. E esse passo que a Apae está dando, que é o convênio com o Ministério da Saúde, mostra a capacidade de resolutividade da instituição”, ressaltou, enfatizando a importância de empresas do município contratarem pessoas com Down, como já acontece em um supermercado de Venda Nova.

O vereador Ivanildo Almeida falou do voluntariado que é muito atuante e auxilia a instituição em vários momentos. "Cerca de 60% dos recursos que chegam à Apae-VNI são provenientes da comunidade. Os demais 40% vem de repasse de convênios e ajuda do município. Temos de parabenizar os voluntários envolvidos e, claro, os colaboradores", disse.