“Boa noite presidente, vereadores, radiouvintes.
O Alexandre me convidou para fazer uma explanação sobre alguns animais de rua,
que está tendo uma certa repercussão. Chegou um pedido de moradores de um
bairro falando sobre esse tema. Esse ano tivemos uma reunião, e nessa reunião
pude abordar o que estava acontecendo com relação ao nosso trabalho. Até então
se falava que a Prefeitura não estava tomando nenhuma ação com relação aos
animais de rua. Nessa reunião pude apresentar que estávamos desenvolvendo um
trabalho, um senso canino, e estávamos programando a campanha de vacinação.
Além disso, depois dessa reunião, vimos que a população não sabe o que estamos
resolvendo nessa área. Existem dois lados, os que defendem os animais e os que
se sentem incomodados ou não se agradam com a presença dos animais. A cidadania
tem os dois lados, você tem o direito de se manifestar de um lado, mas
respeitando o outro grupo. Essa causa é muito nobre, é fácil defender a
categoria, o trabalho precisa ser feito, mas existe uma parcela da população
que não se manifesta e não se sente feliz com a forma que está sendo tratado
esse assunto. Esse trabalho ocorre anonimamente, através de denúncias, de
cartas. Minha fala vem para que nessa Casa de Leis seja debatida uma solução
para toda sociedade, e não apensa para um grupo. A parte da sociedade que não
for atendida, vai se sentir prejudicada e não representada. Não estou fazendo
apologia para nenhum dos dois lados, acho que a causa é nobre, temos que
abordar sob o aspecto técnico, a Prefeitura tem técnicos para isso. A primeira
dúvida, é a questão da saúde pública, e o outro problema, que é o bem-estar dos
animais. Quando se fala de saúde pública, a secretaria verifica qual o risco
desses animais trazerem doenças para a população. A secretaria de Saúde está
focada em combater as doenças, com tratamentos, com a equipe da saúde da
família. O meu serviço dentro da Secretaria, é controlar e evitar riscos à
saúde, é um trabalho de prevenção. Eu presto também atendimento ao cuidado de
animais, fora da Prefeitura, mas dentro da minha atribuição dentro da
secretaria é sobre o agravo contra a saúde humana. A manutenção da saúde dos
animais vai garantir a saúde da população, mas não existe na secretaria hoje um
trabalho de atendimento clínico aos animais. Por isso não cuidamos de animais
doentes ou atropelados, por exemplo. Nosso foco é o risco à população, como com
a raiva. Não tivemos casos de raiva, o que se dá devido às campanhas de
vacinação anuais. A raiva é uma doença que é transmitida pela mordida dos
animais e o mais grave é que ela mata, não tem tratamento. Existem outras
doenças dos animais que podem passar para os humanos, uma delas é a leishmaniose.
Sempre somos chamados para fazer a averiguação dessa doença em animais. A leishmaniose
é uma doença que no ser humano tem tratamento, mas é muito difícil, muitos
remédios, causa um efeito colateral muito grande e é um tratamento muito longo.
Hoje não temos nenhuma pessoa em tratamento, mas tivemos em dois mil e dez uma
pessoa com leishmaniose. No início desse ano tivemos um trabalho com a febre
amarela. Todo mundo foi no posto tomar vacina, mas a vacina foi disponibilizada
a tempo para Venda Nova do Imigrante, porque na retaguarda estava a equipe da
secretaria fazendo o mapeamento dos macacos. Fomos um dos primeiros Municípios
a conseguir mandar os espécimes para fazer a isolação do vírus e a
identificação desse vírus foi graças ao nosso trabalho também. Então, em
janeiro, fui solicitado a retornar as atividades, durante as férias, e
conseguimos em um espaço pequeno, fazer a coleta de alguns animais mortos,
mostrar para o Estado que estávamos preparados a fazer o combate a essa doença
e conseguimos disponibilizar a vacina logo no primeiro momento para os nossos
munícipes. Mas tivemos também o trabalho de mapeamento dos animais, a coleta de
material e nos primeiros dias isso foi muito difícil de ser feito, porque até
então existia a suspeita de febre amarela, mas sem a certeza. Sobre os animais,
existem grupos que estão se organizando sobre essa causa, e para esses grupos
queria dar essa palavra, de que o Município de Venda Nova do Imigrante
disponibiliza o trabalho de um médico veterinário, para atender a saúde
pública. Não temos ainda a demanda apurada para que houvesse um trabalho de
saúde dos animais. Não deixamos ninguém sem ter uma resposta, mas muitas vezes
não é a que o usuário quer ouvir. O usuário quer que recolha o cachorro da rua
e retire da frente dele, não quer saber o que vai acontecer depois daquele
momento. A solução daquele morador é importante, mas o que vem depois, o que
vamos fazer com esse animal, cuidar desse animal da maneira que ele merece,
deve ser visto, porque tirar da rua e jogar em outro canto, não é o foco do
nosso trabalho. Hoje a nossa demanda é a saúde pública, mas ela vai evoluir
para essa questão do bem-estar animal, está evoluindo para isso. A questão das
ações, naquela reunião que tivemos, consegui programar para esse ano uma
questão sobre abordagem de educação e saúde nas escolas. Nessa fala fiz uma
palestra e fiz essa abordagem sobre a questão da posse responsável. O futuro do
animal na rua começa quando uma pessoa adquire um animal e não sabe cuidar
dele. A família pode ter adquirido esse animal achando que o cuidado era fácil,
e na nossa abordagem colocamos isso para os adolescentes na palestra, o que os
animais precisam, de espaço, e muitas vezes a família não tem tempo para
dedicar aos animais. Depois de um tempo, vem a fase dos problemas, onde o
animal começa a estragar coisas em casa, por exemplo, e aí começam a surgir os
problemas. Então, antes de adotar, o ideal é que a família se conscientize
sobre o que é ter um animal em casa. O crescimento populacional entre cachorros
é rápido, uma cadela pode dar cria duas vezes ao ano, e dependendo da cadela,
podem nascer mais de dez filhos por ano. O feedback da escola, onde aconteceu a
palestra, foi positivo, os alunos encararam de uma forma séria, questionaram
com a escola e levaram para o ambiente familiar. Então, vimos que esse piloto,
que foi feito na Escola Atílio Pizzol, é um projeto viável, e foi executado sem
custo. O secretário de Educação já disponibilizou as escolas para o momento que
quisermos fazer essa abordagem. Além disso, tivemos uma deficiência de material
didático para disponibilizar para essas crianças. Mas em uma conversa com a
nossa referência estadual, conseguimos cinco mil livretos para usarmos. Esse
livreto tem uma abordagem muito focada no adolescente. Em dois mil e dezoito
vamos abrir esse projeto para mais escolas e o material didático que vamos
utilizar, já está disponibilizado, não tem nenhum custo para o Município. Escola Atílio Pizzol pediu para voltarmos com
outra turma. Além disso, fomos convidados a participar esse ano do mutirão de
adoção, que foi promovido por um estabelecimento de Venda Nova do Imigrante.
Estivemos lá em parceria com a ONG, com o grupo protetor desses animais, esse
estabelecimento, e estivemos lá durante esse dia para vacinar alguns animais
que não foram na campanha de vacinação. Além da vacinação, estávamos fazendo a
divulgação desse material didático, da posse responsável, dos cuidados com esse
animal e conseguimos lá nesse dia que oito animais de rua pudessem ser
adotados. Isso é um pequeno passo que foi dado, uma parceria que deu certo.
Conseguimos, sem custo, fazer um dia de trabalho e conseguimos abordar quase
cem pessoas e nessa abordagem, conseguimos conscientizar a população sobre o
problema dos animais de rua. Falando mais especificamente do caso do animal da
Vila Betânia, esse animal que tem causado alguns transtornos à população, nós
tivemos até agora seis denúncias contra esse animal. Foi um número muito grande
para um caso específico. Normalmente fazemos uma abordagem no entorno do
animal, para ver várias questões na busca da solução. Hoje recebi mais uma
abordagem de um grupo grande de populares aqui, de outro bairro de Venda Nova,
vamos levar para a secretaria para tentar entender isso. Com relação ao
cachorro da Vila Betânia, alguns chamam de Romeu, Chaves, ele tem habitado uma
região próxima a ponte da Vila Betânia. Questionando algumas pessoas do
entorno, os moradores não estão satisfeitos com a presença desse animal lá, se
manifestaram por meio de denúncias, mas abertamente ninguém se manifestou. Não
temos uma estrutura montada para a retirada desse animal, e tentamos, junto a
um grupo de pessoas que estão na causa de proteção dos animais, para que fosse
realizada a adoção desse cachorro. Conseguimos uma pessoa, porém, quando chegou
o momento de retirar esse animal da rua para entregar a essa pessoa, esbarramos
na falta de equipamento e condição de trabalho. Não foi possível abordar esse
animal, ele é arredio, durante o dia ele é calmo, mas a noite ele causa alguns
transtornos, late, se defende quando alguém se aproxima, e não conseguimos
resolver o problema desse animal, mesmo tendo essa parceria com a ONG e tendo
uma pessoa que quer adotar esse animal. Da mesma forma que a população sofre
por não saber o que fazer, nós tentamos, num caso isolado, numa medida que foi
muito além do que seria a obrigação da secretaria, já que esse animal não está
doente, fazer uma abordagem dele e tentar tirar esse animal dessa situação, mas
não conseguimos. Não posso fazer abordagem desse animal no meio da rua sem os
equipamentos de proteção, para mim e para o animal. O Município tem tomado
algumas atitudes isoladas, que, às vezes, não são vistas pela sociedade, mas a
minha fala é essa, que o Município tem trabalhado, mesmo de forma discreta, com
a limitação de recursos que temos. Esse problema está sendo visto e estamos
tentando fazer a abordagem dessa situação. O problema não é fácil, porque não
envolve só um setor. Os protetores estão fazendo o bem para esses animais,
colocando o alimento disponível, mas esse alimento está atraindo outros
animais. Então, além daqueles que são de rua, tem situações em que pessoas
relataram que proprietários estão deixando de comprar ração para seus animais,
soltam eles na rua para eles comerem nesses comedouros comunitários, que o
grupo de protetores têm colocado. Então, essas abordagens estão acontecendo. O
problema não é de solução fácil e não depende somente da Prefeitura. Venho aqui
hoje trazer uma proposta para essa Casa de Leis, que possamos levantar essa
discussão, já apresentei isso para os meus superiores e eles me deram permissão
para tornar público a todos, para que montássemos um grupo de trabalho, fazer
uma reunião institucional, chamar a Secretaria de Obras, que tem envolvimento
com relação ao lixo, que atrai animais, temos visto que em alguns locais o lixo
não está sendo armazenado de maneira adequada, e isso tem gerado transtornos.
Então, vamos fazer uma reunião, quero estar presente, para que possamos dar um
destino melhor para esses animais, mas dizer que isso não é só com a presença
do veterinário da Prefeitura que vai resolver. Temos que ter a abordagem das
Secretarias de Obras, de Meio Ambiente, de Assistência Social, porque muitas
vezes, onde existem crianças com vulnerabilidade, essas famílias também podem
ter animais. Então, temos que nos organizar para que esse ano ou ano que vem,
tenhamos um grupo de trabalho formado para tomar ações concretas para resolver
esse problema de cães em Venda Nova do Imigrante. Castrar o cachorro e soltar
na rua não vai resolver o problema. Temos que tomar uma ação de saúde pública,
onde o recurso é escasso, as condições não são as ideais, para fazer uma
abordagem onde a maioria da população possa ser beneficiada. Existe, além do
grupo de protetores, um grupo de pessoas que está incomodado e insatisfeito com
a presença dos animais, e acho que a abordagem tem que ser nesse sentido, de
olhar a questão do bem-estar, mas também olhar a questão desse grupo, porque
ele tem que saber que esses animais vão estar aí, não temos como matar um
cachorro na rua, isso é uma barbaridade, isso não existe. Então, no momento,
alguns animais vão ficar na rua, a Prefeitura não tem como guardar esses
animais. Por outro lado, as atitudes que vamos tomar com esses animais, não
podem levar a proliferação desses animais, ou seja, ao invés de controlar, não
podemos deixar que a população aumente. Nesse ponto a castração é válida, mas a
castração não é a medida salvadora e nem a única ação que o Município deve
tomar. Estamos lutando para dois mil e dezoito conseguir viabilizar algumas
castrações. Existe uma questão ética envolvendo a classe profissional, necessitamos
de condição de trabalho, podemos fazer uma abordagem de bem-estar animal, mas
não podemos, em nenhum momento ferir conceitos éticos da profissão. Eu não
posso atender no meio da rua. Da mesma forma que não vejo ninguém pedindo para
um médico ou advogado ferir o código de ética dele, peço a população que
respeite as incumbências da profissão que temos, porque eu tenho um juramento
de proteção dos animais, mas eu preciso de condição de trabalho. No momento que
sou cobrado para fazer uma abordagem sem condições, eu posso ser penalizado
pelo meu conselho de classe, até criminalmente, por fazer o exercício ilegal da
minha profissão. Estávamos discutindo a questão de promover consultas através
de uma parceria privada, disponibilizar consultas gratuitas para a população
menos favorecida para animais domésticos, e no nosso código de ética, na
profissão do médico veterinário isso é vedado. Peço mais uma vez aqui, onde tem
um grupo formador de opiniões, que discute o caminho do nosso Município, para
que tenhamos essa abordagem. Me coloco à disposição para participar desse
grupo, mas que essas questões legais sejam respeitadas. Acho que tudo que for
feito dentro da legalidade, vai trazer benefícios para toda população. Acho que
a questão da ética profissional tem que vir em primeiro lugar. Não adianta eu
salvar uma vida e ser processado depois, ter meu diploma caçado. Vou estar
salvando uma vida e prejudicando o sustendo da minha família. Temos que tentar
abordar esse tema de uma forma sem vínculos políticos, uma abordagem de saúde
animal, da mesma forma que abordamos a questão das crianças ou dos doentes.
Sempre esbarramos na questão legal e na questão ética. Não dá para ferir a ética
ou a questão legal em nome de uma causa. A secretaria de Saúde tem propiciado o
mínimo para fazermos o que estamos fazendo hoje. A questão da abordagem animal
hoje ainda não estamos estruturados para fazer, mas ainda não acho que é uma
coisa impossível. Finalizando, me deixa chateado receber uma crítica, não
pessoal, uma crítica que veio em viés, nas mídias sociais. Uma crítica
aconteceu no dia da campanha da vacinação antirrábica, até foi defendido nessa
Casa, pelo Vereador Marquinho, que não se encontra presente, e pelo Vereador
Chico também, sobre a questão de um animal que teve um contratempo, que se
sentiu mau durante a contenção da vacinação. Existe o lado do animal, que
sofreu esse contratempo, mas eu participo da campanha desde dois mil e oito, e
não tive nenhum problema desses, e quem é o responsável por segurar o animal, é
o proprietário. Se o proprietário não tem segurança para cuidar do próprio
cachorro, ele não deve transitar com esse animal na rua. Se o animal estiver
estressado no momento da vacinação e não for possível vacinar, a gente anota os
dados dele e vamos até a casa dele fazer essa vacinação. Mas tivemos uma
crítica que não teve defesa, de que a secretaria matou o animal enforcado, fez
o animal vomitar de tanto sufocar e não é isso. A nossa equipe passa por
treinamento, eu sou responsável por todas as atitudes da minha equipe, estou
aqui colocando o meu nome e dizendo que existe um treinamento para essa
abordagem, mas claro que incidentes podem acontecer em qualquer situação. O
proprietário que não consegue conter o seu próprio animal, não deve sair com
esse animal de casa. Esse animal que o dono não tem domínio sobre ele é um
risco para a saúde das pessoas. Essas pessoas que vieram na rede social falar
dessa situação, peço compreensão e que analise os fatos. Na rede social é muito
fácil, porque você joga a informação e o outro grupo não está aí para se
defender. Esse momento é para isso também, para que possamos defender a
secretaria de Saúde. Em nenhum momento trabalhamos para causar danos ao animal.
Esse incidente que aconteceu foi isolado. Eu recebi no meu Whatsapp, um
comentário de outra pessoa sobre o trabalho também, e essa pessoa questionou o
porquê a Prefeitura tem um veterinário e ele não faz nada, os animais continuam
se proliferando na rua. No final, essa mesma pessoa faz uma abordagem sobre
esse mesmo animal da Vila Betânia, que tentaram capturar o animal, porém, no
dia ele estava muito arredio e não conseguiram, e que seria o momento do
veterinário agir, afinal, estou aqui para isso. Essa abordagem é uma abordagem
de uma pessoa que não tem o conhecimento do trabalho. A prefeitura está aberta,
mas com as condições que temos hoje eu não posso, até tentei fazer alguma coisa
por aquele animal. Tentei abordar da maneira que eu tinha na hora, mas não
consegui. Não temos hoje um veículo apropriado para fazer a captura do animal,
não temos equipamento de captura individual, não posso mandar um servidor da
minha secretaria, sair sem o EPI para correr o risco de se acidentar, de ser afastado
do trabalho, de sofrer um acidente, o risco de contrair uma doença. Temos que
buscar parcerias, a parceria com a ONG, não só a ONG falando que a Prefeitura
está errada, e que eles são salvadores. A ONG é muito importante, no momento
que ela faz o trabalho de proteção, mas quando ela começa a criticar o trabalho
que ela não conhece, ela está pegando só um lado da situação. Eu já me dispus
mais de uma vez, para fazer abordagens em parceria com a ONG, mas não dá para
fugir do que a lei determina. A nossa realidade é, nós temos feito algumas
abordagens, não é o que a população entende como a melhor, mas podemos fazer
mais a partir do momento que as parcerias se efetivem e que mais grupos possam
aderir a nossa causa. Precisamos da parceria como foi no dia da adoção, que foi
muito gratificante. Um grupo de pessoas que se uniu e deu um lar para oito
animais que estavam na rua. Todo mundo pode dar a sua contribuição, a ONG tem
feito muita coisa, mas temos que ter outras atitudes também. Falar sobre isso
já falamos desde quando o Vereador Tiago era secretário. Ou seja, quanto tempo
tem isso? Na época fizemos uma cartilha, foi distribuído um material, mas
efetivamente se evoluiu pouco disso, não só por parte do poder público, a
própria ONG evoluiu pouco desde aquele momento. Podemos juntar forçar e mostrar
para a sociedade de Venda Nova do Imigrante que podemos mudar essa realidade.
Assim encerro a minha fala. Agradeço ao secretário, aos vereadores, e me coloco
à disposição. Obrigado.”.
Data de Publicação: terça-feira, 21 de novembro de 2017