Representantes da APAE falam sobre a Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla na 38ª Sessão Ordinária

De 21 a 28 de agosto é celebrada a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Visando a divulgação da data e para conscientizar a população, Karla Patricia Demuner e José Rivelino Guimarães, pais de usuários da Associação, fizeram uso da Tribuna Livre para falar sobre as suas experiências e da necessidade urgente de uma sociedade mais acolhedora e inclusiva.

Karla é mãe do Otávio, que tem Síndrome de Down. “A deficiência me escolheu. Eu nasci com deficiência e sou mãe de uma criança com deficiência. Existe um abismo entre a lei e a prática angustiante para as pessoas com deficiência”, explicou Karla.

De acordo com a mãe do Otávio, as leis voltadas para as pessoas com deficiência não garantem nenhum privilégio ou benefício, mas sim direitos para oferecer a essas pessoas igualdade perante a sociedade. “Eu sou deficiente e sempre vou ser. Então a sociedade precisa, sim, se adaptar a minha deficiência”, ressaltou.

Karla fez um apelo ao Poder Público para que abrace a causa, visto que as pessoas com deficiência precisam de inúmeras terapias, melhor acessibilidade nas ruas e outros pontos. “Não é apesar da deficiência, mas a partir da deficiência. Eu posso fazer muita coisa, mas a sociedade precisa me acolher e me dar suporte para que eu prossiga”, destacou a mãe.

Rivelino é pai do André, que possui uma deficiência que afeta a sua fala. “Eu sou um comunicador, mas meu filho não pode falar. Eu não posso ouvir um ‘eu te amo’ do meu filho, mas recebo um grande sorriso ao acordar”, explicou.

O pai do André também falou sobre as pessoas que não nascem com deficiência, mas que adquirem ao longo da vida. Para essas pessoas, é ainda mais difícil a adaptação e a aceitação. “O desespero, a insegurança, a depressão... se não tiver pessoas para abraçar e gestores públicos, a família se destrói. A pessoa não sabe conviver com isso e não consegue ver o futuro”, destacou.

Rivelino ainda falou sobre as dificuldades enfrentadas pela pessoa com deficiência e a família no dia a dia. Ele cobrou das empresas que deem oportunidade de emprego para eles, para que possam mostrar o seu potencial e serem realmente acolhidos pela sociedade.

“A pessoa que está em casa e tem um deficiente, procure os seus direitos. Procure a Apae para descobrir quais são. As famílias (que possuem pessoa com deficiência) precisam um pouco mais de paciência (da comunidade). É complicado, é, mas é gratificante”, finalizou Rivelino.

Os Vereadores, que se emocionaram com as falas de Karla e Rivelino, agradeceram e parabenizaram os pais e a instituição. Eles se comprometeram a fazer o que for possível para garantir os direitos das pessoas com deficiência.

No dia 27 de agosto, ainda dentro da celebração da Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, a Apae realizará o sorteio da rifa beneficente. Para adquirir, basta entrar em contato pelos telefones: (28) 99886-2901 ou 3546-1355.

Saiba mais sobre a Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla

 A Semana é uma campanha anual, desenvolvida de 21 a 28 de agosto, pela Federação Nacional das Apaes, desde 1963. Foi introduzida no calendário nacional pela Lei nº 13.585/2017. A campanha permeia os trabalhos desenvolvidos pela instituição ao longo de todo o ano, como instrumento de defesa e garantia de direitos e mobilização social.

O objetivo é divulgar conhecimento sobre as condições sociais das pessoas em situação de deficiência intelectual e múltipla, como meio de transformação da realidade, superando as barreiras que as impedem de participar coletivamente em igualdade de condições com as demais pessoas. A cada ano é definido um tema, que busca conscientizar a sociedade acerca de determinadas necessidades para inclusão plena.

Em 2021, o tema norteador da campanha é: “É tempo de transformar conhecimento em ação”. Esse tema aponta para o fato de que hoje o Brasil tem uma das legislações mais avançadas do mundo no que se refere à garantia de direitos das pessoas em situação de deficiência, no entanto, na prática, a maior parte do que se assegura na lei não é acessível a todos. Em um país com dimensões territoriais de continente, as desigualdades das condições de vida são evidentes, bem como a marginalização social de determinados grupos, que por sua condição de vulnerabilidade, necessitam de apoios especializados para superação das barreiras que impedem o exercício pleno da sua cidadania.

Com informações do site da Apae