Após os cumprimentos o Jovem Igino fez o seguinte pronunciamento: “Estamos dando um grande passo na construção do esporte amador de Venda Nova do Imigrante. Eu, Igino Falqueto Júnior, professor de educação física, pós-graduado e formado pela Ufes, estou aqui, não só como representante dos profissionais de Educação Física,  mas como integrante de uma associação forte, formada por atletas que almejam uma formação digna para os futuros cidadãos de Venda Nova. O esporte, deve estar ciente de seu papel, na renovação e na transformação do homem ou da criança, pois o desporto há de ser uma atividade instauradora e promotora de valores. Na prática desportiva, não é possível considerar o esporte, apenas como um fenômeno motor, mas também como um produto das relações da sociedade contemporânea nos diversos níveis de envolvimento. Como prova disto, podemos observar o futebol na Copa do Mundo. È um fenômeno único no mundo. A FIFA tem 204 países filiados, a ONU tem 190. No Brasil, então, quase uma bobagem, falar do fascínio exercido pelo esporte. Especificamente, no esporte escolar como: handebol, futsal, voleibol, basquete e atletismo que tem como objetivos: proporcionar obstáculos, exigências, desafios a serem experimentados, observando-se regras e lidando corretamente com os outros; conscientizar que cada um rende mais, esforçando-se muito, sem nunca sentir isso, como uma obrigação imposta exteriormente; socializar crianças e jovens num modelo de pensamento e vida; ensinar que o sucesso não é um objetivo, mas apenas um meio de visar fronteiras. Podemos ver atualmente, a importância do esporte para a sociedade brasileira. O Brasil, no ano passado teve 45 mil assassinatos. Desses, noventa porcento, com armas de fogo. Isto dá ao Brasil, o índice mais alto no mundo de países que matam com arma de fogo. Isto é gravíssimo, porque nas grandes cidades, vem caindo o número de lesões corporais e subindo o número de homicídios porque as pessoas estão armadas e os pequenos conflitos estão levando a este grande número de homicídios. Isto interessa diretamente aos jovens, porque, conforme pesquisa recente da UNESCO, a maior vítima destes homicídios, hoje no Brasil, são jovens homens, entre quinze e vinte e cinco anos. Se entre dois jovens existe uma arma de fogo, por que não poderia existir uma bola? Isto é uma questão muito dura para nós que estamos presenciando isso hoje. De todos os jovens que morreram nesta faixa etária, setenta e cinco porcento, são vítimas de causas externas: acidente ou violência, e metade são vítimas de homicídio. O que está acontecendo? Quando sobem esses números, a sociedade fica perplexa. São os caso dos seqüestros. Todos ficam com medo, cresce a sensação de insegurança. O governo quer dar respostas rápidas, e estas respostas, consistem na construção de presídios, colocam a polícia na rua, aumentam as penas, defendem a pena de morte, prisão perpétua. Mas se tomarmos o quadro dos últimos dez anos, a polícia nunca prendeu tanto, e nunca se investiu tanto em presídios, mais do que dobrou a capacidade de vagas no Brasil. Temos penas muito mais duras, do que existiam há dez anos atrás, temos como prova a lei dos crimes hediondos e uma série de outras medidas, e nem por isso a criminalidade caiu. Muito pelo contrário, ela está subindo. Então, parece que está se curando o doente com o remédio errado. Dá um pouquinho de remédio, aí não resolve, então aumenta a dose, só que não adianta. Isto vai sugando os recursos do Estado. Nos bairros pobres, é preciso criar espaços de lazer, escolinhas de esporte, cursos profissionalizantes. Isto é vital, porque senão o jovem fica sem opção e aí a única liderança para ele, é o traficante. Você não cria para ele a liderança de um jogador de futebol ou de um cidadão ativo de seu bairro. È preciso criar outros referenciais que estimulem o jovem a não ir para as drogas, para a violência, que muitas vezes, naquelas cidade, é a única coisa que existe. Nem sempre é uma carreira criminosa, mas às vezes um crime banal, porque há muita arma, muito álcool e muita droga. Acreditamos que algumas políticas públicas voltadas para tirar o jovem da ociosidade, trariam o resultado muito mais rápido do que as pessoas imaginam. Além do aspecto social, temos também na prática regular de atividade física, como um remédio preventivo da marca dos genéricos ou seja, muito mais barato do que os que existem atualmente. Ele reduz o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas, hipertensão, diabetes, obesidade, doenças vasculares, vários tipos de câncer e osteoporose. Além disso, os exercícios também reduzem a ansiedade, a depressão, o estresse. Aumenta a sensação de bem-estar, melhorando o rendimento no trabalho, lazer e atividades esportivas. É um tratamento preventivo barato, que diminuiu os custos na área da saúde. Em Venda Nova a história do esporte começou, sobretudo, com maior ênfase na Escola Fioravante Caliman, com o professor Sávio. Depois continuou com a professora Dé, Zé Bala, Carminha. Hoje, somos nós da Avenea, que pretendemos perpetuar a história. Era um tempo que o improviso resolvia e solucionava alguns problemas. Jops, Jercs, Jevs, Jees, Juves, a cada ano o nome dos jogos mudam, mas o entusiasmo é mesmo. Quem não lembra das regionais que aconteciam em Alegre e em Iúna? Os jogos em Cachoeiro e em Vitória? Naquele ônibus, construímos parte de nossas vidas. Conhecíamos outras escolas e professores que poderiam ser a janela para o nosso futuro, para podermos sair e crescer como cidadãos, fora de Venda Nova. E era o que acontecia com algumas pessoas. Hoje, podemos constatar, que naquela nossa antiga equipe, atualmente temos um engenheiro, um agrônomo, um médico, um advogado, um comerciante, um professor de educação física. Pessoas que mostraram competência antes e demonstram agora. Mas os tempos mudam e os problemas ficam cada vez maiores. É um professor para fazer tudo. É uma equipe que não tem atenção o suficiente. O material esportivo é quase insuficiente, o local, às vezes, é inadequado, o aluno não tem dinheiro para poder comer, é um remédio caro, que o professor tem que comprar para o aluno... Mesmo assim continuamos a mostrar que Venda Nova é uma potência nos esportes. Tradicionalmente, Venda Nova se tornou conhecida não só pelo agroturismo, mas pelo esporte. No atletismo nós sempre fomos o "bicho papão". As equipes de Vitória sempre nos respeitaram não só no atletismo, mas também nos outros esportes de quadra. Sempre fomos admirados pelos atletas de outros municípios que vinham aqui e falavam bem da nossa cidade e de nossa organização. Não podemos deixar acabar a nossa hegemonia no esporte do Estado. Temos campeões brasileiros, recordistas estaduais que até hoje, não foram superados. Podemos nos considerar como um dos celeiros do esporte estadual. Não temos o direito de tirar a oportunidade de um de nossos filhos de poder ser um campeão, não só no esporte, mas também na vida. Dessa forma, vemos a associação formada por ex-atletas do próprio município, como uma saída para podermos enfrentar as dificuldades atuais. È uma forma, de ao mesmo tempo que estamos superando os obstáculos, estarmos garantindo junto com a sociedade vendanovense, a continuidade desses resultados, trazendo consigo os benefícios ditos anteriormente. A Avenea, como assim podemos denominá-la, Associação Vendanovense de Esporte Amador, tem o seu principal objetivo desenvolver, pesquisar, aprimorar e regulamentar práticas de atividades esportivas amadoras, mediante a competição de caráter esportivo, social e educativo, desde que não se envolva com objetivos políticos partidários, doutrinários ou religiosos. A Avenea pode proporcionar ao maior número de indivíduos, a prática de esportes de forma regular, saudável e prazerosa do esporte. Conscientizar os jovens através do desporto, sobre o mal que faz o uso de drogas, álcool e o tabaco. Selecionar alunos atletas, para representar o Município em competições estudantis de campeonatos estaduais, podendo até se estender às competições nacionais. Desenvolver nos alunos atletas, o senso de responsabilidade com os estudos. Criar e organizar jogos inter-comunitários, em todas as categorias de esportes. Incentivar a prática de esportes e a construção de áreas de lazer e de um ginásio municipal, investir especialmente no esporte amador. A Avenea é composta pela Diretoria e pelo Conselho Fiscal. São sócios da Avenea, os sócios fundadores, os sócios contribuintes e os sócios beneméritos. Os sócios fundadores são todos aqueles que constituíram a Assembléia Geral de Fundação, no dia quinze de abril deste ano, como consta em ata. O Presidente na pessoa de Ana Cláudia Falqueto Feu, o Vice-presidente, com Lígia Beatriz Altoé, o secretário, com Igino Falqueto Júnior, o tesoureiro, com Débora Silva Zandonadi e o diretor social, com Marcelo Dordenoni Donna. Os sócios contribuintes serão aqueles que pagarem as mensalidades, como os atletas; e aqueles que puderem contribuir ou patrocinar a Avenea como os comerciantes de Venda Nova. Ela está dividida em duas categorias: o sócio contribuinte e o sócio contribuinte atleta. O conselho fiscal está composto por três pessoas: Rita Delarmelina, Clóvis Antônio de Souza e Márcio do Santos, que tem a função de apreciar, examinar e opinar sobre as contas e as despesas da Avenea. Inicialmente a Avenea dará prosseguimento aos esportes já implantados e organizados no município como: handebol,  voleibol,  futebol de campo,  futsal,  basquete, atletismo e karatê. Pensamos que, primeiramente, temos que trabalhar com o que já temos semi-estruturados no nosso município. Á posteriori, estaremos envolvendo outros esportes. A intenção inicial, é dar apoio e continuidade ao esporte escolar. Os jovens que já tiverem acabado o estudo, estarão sendo envolvido com campeonatos e torneios municipais, como os jogos comunitários, campeonatos abertos municipais e os jogos da integração social. Desenvolver também oportunidades no turismo do município, com esportes de aventura ou esportes radicais, proporcionando ao turista que vem conhecer o município, outros meios para se divertir. Esta é uma forma de estar trazendo divisas para o nosso município; É uma das fontes de renda de muitas cidades do Brasil e do mundo. A Avenea estará viabilizando a organização de campeonatos, jogos, treinamentos em escolinhas, federando atletas, contratando árbitros e técnicos nas modalidades específicas, arcando com despesas de viagens e angariando recursos em parceria com o comércio, prefeitura, órgãos estaduais e nacionais e não-governamentais, para a realização de projetos. Futuramente, pretende-se estar envolvendo a Avenea, com projetos sociais, desta forma, ampliando sua atuação com políticas públicas no município e beneficiando um maior número de pessoas. Precisamos, no entanto, dar o primeiro passo, e um de cada vez. Pensamos que essa é a forma ideal. Vemos que é necessário estar mostrando a importância que a Avenea tem para a continuidade do esporte em Venda Nova. O valor deve ser dado, não só pelos órgãos públicos, mas sobretudo, por aqueles que usam e se beneficiam dela, como os atletas, nossos filhos e a nossa população.” Finalizando o Jovem Igino agradeceu a oportunidade e se colocou a disposição para os esclarecimentos.

Data de Publicação: terça-feira, 24 de setembro de 2002