"Boa noite. Inicialmente saúdo o Presidente dessa Casa de Leis, Senhor Antonio Fernando Altoé e membros da Mesa Diretora, agradeço por terem nos cedido esse espaço pelo terceiro ano consecutivo, em comemoração à Semana da Consciência Negra. Saudação aos demais Vereadores. Quero agradecer pela presença de todos, em especial, os alunos da Escola Fioravante Caliman. Um cumprimento especial aos ouvintes da rádio FMZ e também àqueles que nos acompanham pelo site da rádio. Desde dois mil e nove que estamos na Escola Fioravante Caliman e a gente vem participando desse momento nessa Casa de Leis. O nosso tema hoje será a Diversidade e Relações Etnicorraciais, que é uma continuidade do Projeto "História e Memórias", que acabou culminando em um livro com registro das famílias negras aqui no nosso Município. O nosso objetivo era exatamente esse, elucidar a presença da cultura afro-brasileira no nosso Município. Falar em Diversidade na sociedade atual parece que estamos usando palavras de modismo que logo cairão no esquecimento e amanhã não as usaremos mais. Partindo da tomada de consciência do significado dessa palavra atualmente, percebemos que não temos intimidade e conhecimento sobre o que é diversidade, isso porque não fomos preparados para conviver com o diferente. Apesar do aparente avanço tecnológico, a humanidade não conseguiu superar o problema que está na origem dos grandes crimes cometidos contra a vida, sejam eles de ordem política, étnica, religiosa, social e sexual. Há uma dificuldade em aceitar que somos constituídos na diferença. É uma realidade violenta, hostil. Constantemente somos surpreendidos com notícias no nosso país de violência e assassinatos de homossexuais, negros, moradores de rua e mulheres. Recentemente também a notícia na Irlanda, de termos conflitos que vem abalando a nossa sociedade. A sociedade assiste inerte toda essa barbárie contra a dignidade e a vida humana. Nossas crianças, adolescentes e jovens estão sendo educados com exemplos de intolerância com o outro, da formação de gangues de extermínio, exemplos de discriminação e preconceito de toda ordem. Faltam exemplos de ética, cidadania, generosidade e solidariedade, que são alicerce para uma cultura de paz e de valorização da vida. Formar nossa sociedade com valores éticos e morais, soa em muitos momentos como uma frase feita, um jargão, ou seja, vivemos em uma crise de valores. Sabemos que o fim dos conflitos entre grupos étnicos não acontecerá, mas podemos permitir maior singularidade e conciliação entre as diferenças. Ao iniciar o projeto História e Memória em dois mil e nove, a intenção era evidenciar a existência da cultura afro-brasileira na nossa cidade. O projeto não aconteceu para fazer um barulho de momento, e sim, para abrir espaços, em que podemos mostrar uma sociedade plural, e que a cidadania não é alcançada sem pensar na diversidade dos seus cidadãos, e que é necessário valorizar as especificidades desse universo multicultural que nos rodeia. Finalizo minha fala com um pensamento do líder sul-africano Nelson Mandela: "Ninguém nasce odiando uma pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar." Muito Obrigada."

Data de Publicação: quinta-feira, 17 de novembro de 2011