“Primeiramente boa noite a todos. Gostaria de
agradecer a Câmara, em nome do Vereador Tiago Altoé, por abrir esse espaço de
discussão sobre a nossa escola e aproveito para estar justificando a ausência
da nossa diretora, senhorita Silvana Maria Lachini Moro, que por um contratempo
não pôde estar presente conosco hoje. Então, a pedagogia da alternância é uma
educação voltada para o campo. Então, qual a visão que a gente tem do campo? O
nosso jovem hoje, infelizmente, às vezes se limita a dizer que não pertence ao
campo. De alguma forma ele tem vergonha de assumir que lhe é realmente do
campo, porque a visão do campo foi muito distorcida. A visão do campo que
muitas pessoas têm é aquela visão do jeca lá do passado e eles trouxeram muito
disso até hoje. Então, o jovem, às vezes, prefere parecer, se misturar com o
jovem do meio urbano, quando na verdade ele deveria ter muito orgulho de
pertencer à zona rural. Ele está trabalhando juntamente com a sua família na
produção de alimentos. Ou seja, seu jovem mulata do interior, na zona rural
vivo na sua propriedade não trabalhar, onde a cidade vai se alimentar? De onde
vai vir o alimento que está na cidade? A gente sabe, por exemplo, em pesquisas
recentes, que cerca de oitenta por cento de toda a alimentação vem da
agricultura familiar. Então, a gente tem que fazer com que esses jovens não
abandonem o esse campo. A gente tem que dar opções para ele de continuar com
sua família e produzir alimentos cada vez de melhor qualidade e mais saudáveis.
Então, a pedagogia da alternância tem como base o conhecimento das experiências
das famílias, dos estudantes e através disso fazer uma concretização do
conhecimento. Esse conhecimento já existe. Então, o que a gente tem que fazer é
possibilitar a esse aluno a aquisição de novos conhecimentos, novas tecnologias
que possibilitem uma produção ainda melhor do que ele vinha fazendo. A
pedagogia da alternância surge em mil e novecentos e trinta e cinco na França.
Basicamente um jovem de uma pequena comunidade se recusou a participar em uma
escola regular. Aí, levantou-se um questionamento através de um pároco local e
alguns camponeses do porque, qual a razão desse jovem não querer ir para a
escola regular. Então, foram levantando alguns aspectos, essa discussão foi
levada a atual ponto que eles perceberam na verdade que aquela escola que esse
aluno estava indo realmente não contemplava os anseios desse jovem, não
contemplava os anseios da aquela comunidade. Então, daí, junto com lideranças
locais, passou a se pensar qual tipo de educação poderia ser oferecida a esses
jovens para que esse jovem realmente seja contemplado. Então, se iniciou com
poucos jovens na França, e mil e novecentos e trinta e cinco, mas depois esse
número foi aumentando. A partir dos anos cinqüenta esse modelo pedagógico,
pedagogia da alternância, começou a se difundir pelo mundo. Então, foi para
inúmeros outros continentes, inclusive aqui na América latina. No Brasil surge
na década de sessenta, com o padre jesuíta Humberto Pedro, que vem da
influência dessa escola familiar rural já da Itália. Então, essa escola já
tinha saído da França, já estava na Itália e esse padre jesuíta vindo para o
Brasil traz consigo esse conceito. Então, em sessenta e oito foi criado o
MEPES, que é o movimento de educação promocional e educacional do Espírito
Santo. O objetivo principal era promover o homem por meio da melhoria da
qualidade da vida no meio rural. Mais do que isso, ele pensava não só na parte
de educação, mas na questão da saúde e na ação comunitária. Pensava no
desenvolvimento do jovem, mas juntamente com o desenvolvimento de todo o meio.
Então, a partir de sessenta e nove surge a primeira escola da família agrícola
da América latina, que é escola da família agrícola de Olivânia, situada em
Anchieta. A partir daí ela começa a se expandir e hoje o MEPES está, como vocês
podem observar no mapa, em dezoito municípios do nosso estado. Então, hoje são
dezoito municípios com a presença de algumas escolas tanto de ensino
fundamental, como de ensino médio e também creches e um hospital em Anchieta.
Então, como ela é organizada? Na verdade, a associação de pais e está sempre
presente na escola. A associação sempre vai estar participando de todas as
decisões da escola. Então, quando a gente fala da diretora Silvana, do corpo de
monitores, na verdade nada é decidido pela gente, tudo é decidido com a
família, através da representação pela associação de pais. Para que esse
objetivo? A gente acredita que ninguém melhor do que eles para saber qual tipo
de educação que eles querem. Então, a idéia é formar os jovens em todas essas
dimensões, humanas, social, intelectual, profissional, para ele ter um
desenvolvimento mais integral, mais completo. Isso vai contribuir para a
promoção desse ensino. Para a gente consegue chegar nesse tipo de educação, que
a gente acredita ser a mais adequada ao jovem do meio rural, a gente utiliza de
vários elementos pedagógicos, que seja o plano de estudos, visitas, caderno da
realidade, caderno de acompanhamento, um contrato de formação no qual a família
participa diretamente na formação desses alunos e as questões normais de
escolas regulares, como a avaliações, aulas práticas, que uma escola técnica
necessita. A escola da família agrícola de Castelo começou a suas atividades em
dois mil e seis. Então, foi um trabalho realizado junto do MEPES com algumas
lideranças comunitárias da região para a implantação dessas com. Hoje ela está
implantada no distrito de Aracuí, no distrito de Ribeirão do Meio que eles
observaram que tinha a necessidade de estar implantando o modelo desse estudo
na cidade, na comunidade, na nossa região de Castelo. Então, inicialmente essa
escola tem dia alunos apenas de Castelo, alunos de primeiro ano, só tínhamos
alunos de Castelo, mas com o passar do tempo a gente notou a procura de outros
municípios. Então, na verdade e inúmeros outros municípios e hoje tem alunos
que estudam nessa escola. Então, todo esse trabalho que a gente desenvolve,
como falei, são inúmeros elementos, a gente não consegue desenvolvê-los
sozinho. Então, a gente tem uma parceria muito forte hoje, seja para pagamento
de pessoal via secretaria de estado da educação, seja para os demais
funcionários, havia prefeitura municipal de Castelo, que nos contribuiu, seja a
ajuda dos pais, familiares e também todos nossos parceiros que contribuem,
órgãos do governo como o Incaper, o Idaf, que contribuem através de palestras,
aulas práticas, locais para visitação. Então, esse trabalho só é possível
graças aos nossos parceiros. A manutenção da escola basicamente se dá por via
prefeitura. Hoje ela mantém sete funcionários, que seria o total máximo que
pode ser mantido pela prefeitura. Atualmente estamos com cinco funcionários, ou
seja, temos duas vagas e estamos encontrando uma certa dificuldade em conseguir
mais esses dois funcionários. A manutenção da escola se dá via pensionato, que
seria toda a questão de alimentação, energia, água, conservação do prédio, do
carro, que para a gente é um instrumento de trabalho, porque uma das formas de
conhecer a realidade desse aluno é indo lá perto, em loco. Então, é realizada
uma visita às famílias. Então, todos os anos, todos nossos alunos são visitados
em suas residências. Então, hoje temos cento e dezenove alunos e todos os cento
e dezenove são visitados por pelo menos dois monitores, pelo menos uma vez ao
ano. Claro que, às vezes, no quarto ano, tendo a necessidade fazer uma visita
extra, também é realizada, mas no mínimo uma visita para cada família. Então,
hoje temos quarenta e um alunos matriculados na primeira série, trinta na
segunda, vinte e três na terceira e vinte e cinco na quarta. Aqui eu trouxe
alguns alunos do município de Venda Nova do Imigrante, nós temos alunos de São
Roque, a Milena e o Bruno, alunos da região do Caxixe Frio, o Wesley e Helem,
aqui de Bela Aurora, Geisiane e Willian Fiorese, da região também de Santo
Antônio do Oriente, o Ramon Henrique Fernandes, da região de Pindobas ou a
Ayrton, São José do Alto Viçosa o Joel Carlos Zanom e aqui de São João de
Viçosa o Iarley de Souza. São onze alunos aqui do município. Os demais
municípios que têm alunos na escola família agrícola de Castelo, Venda Nova com
onze, como já comentei, em Muniz Freire, Vargem Alta, Brejetuba, Castelo com a
maioria, Jerônimo Monteiro, Domingos Martins, Iconha, Cachoeiro, Alegre,
Conceição do Castelo, Alfredo Chaves e Afonso Cláudio. Aqui tem um quadro
demonstrando de onde vêm os recursos para a gente manter essa escola em
funcionamento. Então, do convênio da prefeitura gente recebe dez parcelas
anuais no valor de oito mil e quinhentos, totalizando oitenta e cinco mil
reais. Os alunos, na semana que eles estão presentes na escola, eles têm uma
contribuição para ajudar na alimentação, de vinte reais ou ele contribui com
algum alimento que ele produz na propriedade, já que essa contribuição dele é
justamente para alimentação. Então, se ele produz uma hortaliça, ele está
levando ou qualquer outro produto agrícola. A gente faz algumas peças para
arrecadação. Então, a gente tem em média um gasto por aluno, o gasto médio, de
cento e vinte reais mensais. Há uma frase do padre Humberto: "encontrar-se
para se conhecer, conhecer-se para caminhar juntos, caminhar juntos para
crescer, crescer para amar mais". Agora mostrarei algumas fotos de algumas
atividades desenvolvidas na escola. Na horta são produzidos alimentos de forma
orgânica que são para a alimentação dos mesmos. A gente sempre da ênfase as
práticas mais conservacionistas do solo. Todos os anos, com as demais escolas
agrícolas do Brasil, são realizados dois eventos. Em um ano é realizado um
intercâmbio e no outro a jornada. Então, no ano passado foi a jornada, que
aconteceu em Curitiba. Então eu nossos jovens tiveram a oportunidade de estar
conhecendo novos ambientes, novas experiências, isso é muito construtivo para
eles. Também não é só porque eles estão no meio urbano que eles têm que ver
apenas coisas relacionadas a zona rural. Hoje a zona rural se confunde muito
com a zona urbana, porque hoje tudo que você tem na zona urbana, praticamente
você tem na zona rural. Então, uma das áreas que a gente trabalha muito é com
relação às novas mídias, novas tecnologias. A gente recebeu da secretaria de
estado da agricultura um kit multimídia no qual é desenvolvido vários
trabalhos. Então, a gente tem algumas reuniões de capacitação e formação que
eles vão para aprender a desenvolver esses trabalhos. Gostaria de agradecer a
atenção de todos e se tiverem alguma dúvida que eu puder ajudar.”
2ª Parte
“A gente fica bem feliz quando gera algumas
curiosidades, o que significa que o que a gente veio falar realmente chama a
atenção. Então, a gente nota a preocupação de vocês com relação à agricultura
familiar e ficamos muitos felizes de estarmos presentes aqui. Em relação ao
período que fica em alternância na escola, existem vários regimes diferentes no
Brasil. Como eu falei, no Brasil também existem várias outras escolas família. A nossa funciona seguinte forma, o
aluno permanece uma semana na escola de forma integral, aonde ele realiza todas
as refeições, todas as atividades no dormitório, tem o dormitório masculino e
feminino, eles dormem na escola, chegam na segunda-feira e vão embora na sexta,
em uma semana eles ficam em casa. Então, na semana que ele está na escola, ele
fica de forma integral, inclusive dormindo na escola. Em relação ao período de
inscrição, a partir de novembro a gente começa a receber a inscrição para o
próximo ano. Felizmente, ou infelizmente, não sei, nós temos apenas quarenta
vagas, que é a capacidade máxima que os nossos dormitórios e refeitório
conseguem suportar. Então, acaba que a solicitação de vagas é bem maior que
isso. Então, a gente faz uma seleção sim. Essa seleção geralmente é uma
entrevista. Então, geralmente os pontos que a gente observa é que se o aluno é
realmente do interior, como é a participação dele juntamente com a família no
interior, se ele tem vontade de dar continuidade ao trabalho já desenvolvido
pela família. São os pontos que a gente observa. Então, a gente tem uma procura
bastante grande, de vários municípios, como foi citado pelo presidente da
Câmara e a gente, infelizmente, tem que fazer essa seleção por ter apenas
quarenta vagas. Então, a partir de novembro a gente estará recebendo, através
do telefone da escola, vinte e oito, nove, nove, nove, três, cinco, sete, dois,
cinco, quatro, que é fácil de falar conosco ou também através do fixo que é
três, três, dez, sete, dois, cinco, quatro.”
Data de Publicação: terça-feira, 01 de julho de 2014