"Presidente da Câmara Municipal de Venda Nova do Imigrante, Valdir Dias, e também estendo os meus comprimentos ao vice-presidente, Francisco Carlos Foletto, e ao demais vereadores. Em especial a um homem que tem prestado muito serviço a esta região, o ex-prefeito de Conceição de Castelo, Sr. Bejamim Falquetto. E estender, também, minha saudação ao coordenador da fazenda de pindobas. Quero saudar a cada companheiro aqui presente e aos servidores da Câmara Municipal de Venda Nova do Imigrante. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a oportunidade de participar da tribuna livre. Eu quero utilizar esse espaço, em primeiro para me apresentar. Fiz a escolha de começar minha caminhada pelas Câmaras Municipais, pois foi onde comecei, como vereador, do Município da Serra. Sou médico há vinte e seis anos, prestando serviços ao Município da Serra e ao Governo do Estado. Em mil novecentos e oitenta e oito, entrei na vida pública filiando-me ao PDT. Primeiro e único partido. Hoje, acumulo a presidência regional desse partido e também vice-presidência da Região Sudeste em nível nacional. A escolha do PDT foi ideológica. Não visualizei um partido de fácil coligação, ou fácil de eu ser eleito. Mas sim, pela pessoa do Leonel de Moura Brizola. E foi da figura do Leonel Brizola que me inspirei na vida pública, até porque ele tinha bandeira na vida pública. Nós que estamos, hoje, na vida pública temos que ter uma bandeira, defendendo ideais. E não, simplesmente, para ocupar um cargo público ou buscando um cargo no poder. Leonel Brizola foi um defensor da educação, do nacionalismo, da inclusão social e trabalhista. Por isso, me filiei ao PDT e fui vereador do Município da Serra e posteriormente fui Deputado Estadual, fiquei dois anos e Deus me deu o privilégio de ser o Prefeito Municipal da Serra por dois mandatos. Quando digo um privilégio como Prefeito do Município da Serra, porque aprendi muito na gestão e com essa aprendizagem muito também pude contribuir para o povo da Serra. Tenho certeza que os Senhores, Nicolau e Benjamim, como ex-prefeitos irão dizer o mesmo. Quero registrar a presença da imprensa, a rádio FMZ que está transmitindo ao vivo a sessão da Câmara Municipal para os moradores de Venda Nova do Imigrante. Retornando a minha fala. Vou falar do município da Serra. Apesar do nome ser Serra, não tem nada de Serra, estamos no nível do mar e na região metropolitana. A Serra é uma cidade com a segunda população do Espírito Santo, com, aproximadamente, quatrocentos mil habitantes. Fazendo uma comparação do crescimento populacional da Serra: em mil novecentos e setenta na copa do mundo tinha uma música que fala em noventa bilhões de brasileiros em ação, e se passando trinta e seis anos, o Brasil tem hoje, cento e oitenta e sete bilhões de habitantes. Houve uma duplicação de habitantes. Serra na mesma época tinha dezessete mil habitantes, em trinta e seis anos passamos para quatrocentos mil habitantes. Na década de setenta, o Brasil deixou de ser rural. Hoje, grande parte da população vive na área urbana. Até foi uma falha política para fixar o homem no meio rural, evitando a imigração para o meio urbano em busca de melhores condições de vida. E quando assumi a Prefeitura do Município da Serra, havia várias situações adversas. Os servidores não recebiam seus salários havia cinco meses. O Prefeito anterior utilizou a ARO – Antecipação da Receita Orçamentária, que funcionava da seguinte maneira: o Prefeito retirava do recurso financeiro o dinheiro e como garantia empenhava a receita futura. Deixou, assim, uma dívida na ordem de quarenta milhões de reais. Isso quer dizer que pudemos trabalhar em apenas três anos, pois um estava comprometido em pagamento de dívidas contraídas pelo Governo anterior. Não tive o privilégio do Governo Federal, ou do Governo do Estado em antecipar os recursos. Tenho dito que o Governo do Estado teve uma sorte grande. Porque o Governo Federal antecipou recursos e quatrocentos milhões de reais de antecipação dos "royaltys", para fazer o pagamento dos funcionários e fornecedores, em atraso. Assim, organizando a vida financeira e recuperando sua capacidade de investimentos. Comenta-se que Serra é uma cidade industrial, mas a população é de operários. A classe média e alta não reside no Município. A média salarial é aproximadamente de seiscentos e oitenta reais. São pessoas que não podem ter a comodidade de oferecer a seus filhos estudos particulares, ou pagar planos de saúde, ou muito menos financiar uma casa própria. E o poder público tem o compromisso de atender essa demanda. A nossa cidade é a segunda do Estado do Espírito Santo, em gerar receita. Mas se dividirmos a receita pelo o número de habitantes a Serra é a sexagésima segunda receita do Espírito Santo. E terminando o oitavo ano de poder público, implantamos uma política de gestão democrática. Pois, nada é feito sem que se passe pela aprovação popular. Os recursos são aplicados na condição da comunidade. Exemplo: as obras da cidade, orçamento participativo são definidos pelas comunidades. O Espírito Santo tem setenta e oito Municípios e a Serra tem cento cinqüenta e seis bairros. Os recursos são aplicados conforme as necessidades dos bairros. Hoje, há uma inversão, pois o Município que mais recebe recursos é a Capital, e é o que menos precisa. Na Serra invertemos, Laranjeira é o bairro mais importante, mas o bairro que mais recebe investimentos é o bairro que tem a população com menor salário, com menor escolaridade e menor condições de vida. Assim, conseguimos diminuir a desigualdade. Esse é o papel do poder público de fomentar o desenvolvimento, mas ele tem que estar voltado para que a riqueza gerada sirva para reduzir a desigualdade social. Dessa forma, poderemos oferecer oportunidade e democratização para todos os níveis sociais. Na educação temos o menor índice de evasão escolar do Brasil, de zero vírgula nove por cento. Como funciona? Em vez dos pais procurarem uma vaga nas escolas para os filhos, a Prefeitura inverteu os papéis, se o pai não matricula os filhos nas escolas, entramos na justiça e os pais são notificados pelos juízes da vara da criança e do adolescente, para que se façam as matrículas. Pagamos o melhor salário do Estado para os professores, e temos três mil professores. Temos um planejamento no Município da Serra. Não damos abono aos servidores, isso é sinônimo de falta de política salarial. Hoje, o salário do professor da Serra é o dobro de outros Municípios. No nosso plano de carreira, se estabelece que mesmo um professor que tem nível superior e dá aula para educação infantil, recebe como nível superior. Com convênio e Universidade a Distância, todos os três mil professores têm nível superior e seus salários são de nível superior. No Município da Serra, a escolha da direção das escolas é pelos os pais de alunos. Gostaria de lembrar, também, que os cargos comissionados da área da Saúde e da educação são ocupados por funcionários concursados do Município. Não temos servidores temporários. Foi feito o concurso para todos os funcionários. O Governo do Estado não faz concurso há dez, ou doze anos. No Município da Serra há concurso para todos os níveis. A merenda nas escolas também é realizada nos períodos de férias. E também implantamos a escola de tempo integral. Estou mostrando essa questão, porque valorizo o cidadão. Na área da saúde pública temos o menor índices de mortalidade infantil da região metropolitana. Temos doze a cada mil crianças nascidas vivas. E uma média preconizada pela organização mundial de saúde. Temos o maior índice rede de esgotamento sanitário com tratamentos, na região metropolitana, com setenta por cento da cidade. Com uma meta até dois mil e dez, tenhamos noventa por cento do esgoto tratado. Ainda, na área de saúde, o Município tem maior estrutura instalada do Estado municipal. Com trinta e oito unidades de saúde, cinco policlínicas, dois prontos socorros, duas maternidades e cada uma unidade de saúde com farmácia própria com atendimento vinte quatro horas, pois, não adianta ter somente o atendimento médico. O laboratório é terceirizado, mas atende toda rede pública municipal. Em breve inauguraremos o primeiro pronto socorro pediátrico do Estado. No nosso mandado, implantamos o "um nove dois". É o que o Governo do Estado chama hoje, de SAMU. Esse é um programa central de ambulância. Foi implantado no Município da Serra em dois mil e um, com recurso da municipalidade, mas hoje, é de responsabilidade do Governo Federal. Na área de moradia contribuímos para construção, através de programa de arrendamento residencial. E também houve uma parceira com a Caixa econômica Federal, e essas construções não são para pessoas de fora, mas para melhorar a condição de vida de quem reside na cidade. Poderia nesta noite expor os dados econômicos do Município da Serra. Hoje na Serra, houve um grande desenvolvimento econômico. A prova disso é que detemos quarenta e oito por cento de todo o investimento que aconteceram no Estado do Espírito Santo. Mas isso não é mérito do Prefeito, porque os investimentos vão para onde o mercado tem retorno. Esse foi o nosso diferencial transformamos o desenvolvimento econômico em desenvolvimento social. Os Governantes mostram a bandeira econômica, mostrando como, por exemplo, a auto-suficiência no petróleo, o Estado como maior produtor de mármore e granito, nossas grandes empresas, mas se esquecem de mostrar os indicadores sociais. Primeiro, eu quero informar a esta Casa, a razão da minha caminhada é porque sou, hoje, pelo PDT, pré-candidato a Governo do Estado. Não farei nenhuma campanha política de difamação, mesmo porque essa política está ultrapassada, não combina com os nossos princípios. Nós queremos fazer uma campanha política de gestão. Uma opção que poderia ter escolhido seria fazer várias coligações, e ter escolhido cargos para Deputado, ou Senador, mas sou um homem que dedico toda a minha vida luto por um ideal. Não estou preocupado com salários, que posso vir a ganhar na vida pública, porque tenho minha profissão e força para lutar. Mas, quero contribuir para vida pública. A minha indignação, da forma que os nossos Governantes separam o desenvolvimento econômico de tratar de pessoas, isso não permitiria fazer qualquer tipo de aliança. Ontem, observando um programa de televisão, deparei-me apenas com o desenvolvimento econômico e na reportagem não foi mostrado como o nosso povo vive. Não mostrou como nossa população vive nos hospitais públicos. Não mostrou as pessoas acuadas dentro das suas casas, porque a violência não nos permite sair para irmos às praças, às ruas. Não mostrou como estão sendo tratados os quinhentos mil habitantes do Estado, como mostrou o senso do IBGE, recentemente, que não sabe o que vai comer naquele dia, ou no outro dia. È por essa razão que estamos nessa caminhada. Não somos contra o desenvolvimento econômico, somos favoráveis. Precisamos melhorar a interiorização o desenvolvimento do Estado. E se observarmos o desenvolvimento econômico do Espírito Santo, vamos ver que dos setenta e oito Municípios, o desenvolvimento acontece somente em oito a nove Municípios. Os Municípios que resistem é porque são saudáveis, têm uma economia própria, com ajuda do pequeno produtor, do comerciante e assim conseguem sobreviver. Se observarmos onde acontece um desenvolvimento econômico, existe uma concentração de pessoas em contra partida há um esvaziamento dos Municípios onde não há desenvolvimento. As pessoas procuram as regiões metropolitanas onde está acontecendo o desenvolvimento, se transforma em problema, porque hoje, a região metropolitana tem um índice de sessenta e cinco por cento da economia. Mas a conseqüência que representa quase setenta por cento dos homicídios que acontecem no Espírito Santo. Exemplo disso é que na guerra do Iraque e Irã, em cinco meses morreram mil e seiscentas pessoas e no Espírito Santo, nesses cinco meses morreram seiscentos e vinte pessoas. Dizem que estamos vivendo em um paraíso. Anualmente, nós dizimamos, no Estado, mil e oitocentos pessoas. A cada quatro anos eliminamos uma cidade como Apiacá, Ibiraçu, por falta de uma política de segurança pública. A nossa proposta é voltada para o social. A questão segurança pública não é só voltar para os policiais, com mais efetivos, melhores salários, mas sim, fazer políticas sociais. O governo disse que a culpa dos crimes hediondos é das famílias que estão desestruturadas. Não concordamos com essa fala, pois, as famílias não têm acesso às boas estruturas, como educação, alimentação. E sim, quem mais contribui para a marginalidade são os governantes, pois não oferecem condições de vida, para que as pessoas possam dar uma vida digna a seus filhos. A nossa proposta é oferecer oportunidade a todos, e não apenas, àqueles que têm condições financeiras. A renda per capta do capixaba é a quinta do País. Mostra que as riquezas que são geradas aqui são geradas pelos capixabas, e não as pelas empresas, pois essas ficam com os lucros. E preciso distribuir essa riqueza com nossa população. E baseado nisso que o PDT fez sua proposta. Queremos implantar o orçamento participativo, queremos um Estado democrático. Não concordamos que o Município mais rico receber mais investimentos, isso é um contra senso. O Governo está preocupado com novas construções de presídios, mas isso não acaba com a violência. A violência tem que ser combatida com a prevenção, com construção de escolas de tempo integral. Os jovens ocupam os presídios em tempo integral. Vamos gerar empregos, escolas de tempo integral para qualificar a juventude para poder disputar o mercado de trabalho. Digo, Senhor Presidente, que hoje, o Estado está criando um batalhão de pessoas, em um estado de miséria subumana, e a grande maioria são pessoas do interior. Eu tenho dito o seguinte: que na grande Vitória a pessoa é mais uma e aqui no interior ela tem nome é sobre nome, tem família, é conhecido por todos. Assim, é preciso que o desenvolvimento econômico seja distribuído de forma igualitária e que a riqueza do Estado seja transformada em beneficio social para nossa gente. Da forma que administramos a cidade da Serra, de forma democrática, popular. Perguntaram se o Estado é mal administrado. O Estado do Espírito Santo está bem administrado. Mas não queremos administrar e sim, governar, porque administrar qualquer empresa faz, é só montar uma boa equipe e controlar a despesa e a receita. E governar é cuidar das pessoas, esse é o papel do poder público. Porque as pessoas não são coisas. Elas têm alma, têm sentimentos, sonhos e expectativas. Isso é função do poder público viabilizar os sonhos. Quero agradecer a todos por essa oportunidade, quero saudar a todos em nome do vereador, Alberto, nosso companheiro do PDT. É um privilégio muito grande de estar aqui nesta noite. Sei que será um luta árdua, mas estou acostumado com essa luta na vida política. Tenho consciência de que no poder existem dois grupos políticos, o grupo do poder e o grupo da oposição. A Bíblia diz que Deus não dá dificuldade que você não consiga suportar, tamanho o carinho que Ele tem por nós. Essa caminhada vai ser difícil, árdua, mas não vou me permitir fazer um projeto que não atenda meus sonhos, pensamentos e anseios. Quero desejar sucesso ao desempenho no mandado de cada vereador desta Casa de Leis. A direção do presidente que seja de uma forma correta, sincera, e o mais harmoniosa possível. O Prefeito Municipal que tem feito um bom mandato. Aliás, Venda Nova só teve bons prefeitos. Isso contribui para o desenvolvimento, pois não teve intercalação de bons e maus administradores por isso manteve seu equilíbrio, resgatando sua cultura. E também, gostaria de lembrar que fui eleito no primeiro mandado de Prefeito da Serra com cinqüenta e um por cento de votos da cidade. No segundo fui eleito no primeiro turno com oitenta e seis por cento de votos. E saí da Prefeitura da Serra, pela simpatia do povo, com uma avaliação média de bom desempenho, de cinqüenta e um por cento da cidade. E agradeço muito a Serra pela oportunidade e gostaria de que o Espírito Santo também me desse a oportunidade para contribuir com o desenvolvimento justo para nosso povo. Muito obrigado, Senhor presidente."
Data de Publicação: terça-feira, 06 de junho de 2006