“Boa noite excelentíssimo presidente da Câmara, boa noite a todos. Eu queria quebrar um pouco o protocolo. Como boa carioca que sou, são muitos títulos a todos vocês. Então, prefiro estar mais próxima e mais amiga, que é como me sinto mais à vontade. Quero agradecer ao convite de vocês por me dar a oportunidade de estar falando aqui. As mulheres estão se sobressaindo, estão chegando, estão ombro a ombro. Queria falar um pouco, porque as pessoas, às vezes, não sabem o porquê foi escolhido o dia internacional da mulher. Esse dia foi escolhido em uma segunda conferência, em mil novecentos e dez, porque em mil oitocentos e cinquenta e sete, se não me falha a memória, cento e vinte e nove mulheres tecelãs reivindicavam que diminuíssem a carga horária delas. Elas trabalhavam uma carga horária de doze horas, tinha abusos sexuais, elas entraram em greve e pediram para que essa carga horária fosse baixada para dez horas por dia. O dono da fábrica, em Nova York, que era a fábrica Cotton, aprendeu essas cento e vinte e nove mulheres e dentro de um galpão, junto com o apoio da polícia que essas mulheres foram queimadas nesse dia. Nessa segunda conferência elegeu-se então que esse dia fosse comemorado como dia internacional da mulher por todo mundo. Na verdade eu acho que o dia internacional é todo dia, porque todo dia é dia da gente, não só das mulheres, como a dos homens também. Eu acho que quando se levantou essa bandeira, bandeira feminista veio para abrigar ombro a ombro por um lugar ao sol para essa mulher e ao longo do tempo eu acho que algumas coisas se perder, porque as mulheres foram brigar ombro a ombro, mas elas saíram em grande desvantagem, porque na verdade elas acabaram tendo uma segunda jornada, uma terceira jornada e aí ela trabalha o dia inteiro, como qualquer homem, como advogada, dentista, médica e ainda volta para casa e tem os afazeres de casa. Aí, eu gostaria que hoje essas mulheres repensar esse que ser somos nós e onde queremos chegar. Na verdade, temos de gêneros diferentes, homens e mulheres são diferentes, pensão de maneira diferente, reagem de maneira diferente e agem de maneira diferente. Eu queria que repensassem isso e resgatasse algumas coisas que ficaram pedidas ao longo desse tempo, que é a sensibilidade, a sensualidade, sem ser vulgar, mas a coisa da sedução, que na hora da briga, da confusão, nós temos esse dom de ser mais flexível, de colocar panos quentes nas situações. Nem por causa disso deixam de ser mais fortes do que os homens, mas quando queremos disputar ombro a ombro, com certeza a gente entra em uma briga de queda de braço ou uma brincadeira de quando a gente era pequeno, que se chama de cabo-de-força. Eu costumo falar que em um relacionamento, seja ele entre homens e mulheres, filhos de mães, avós e netos, a brincadeira boa, se o povo a que não conhecem, é uma brincadeira chamada frescobol, que para quem conhece, no Rio de Janeiro a gente gosta muito de jogar isso, ficam de um lado com uma raquete e outro do outro lado com outra raquete. A brincadeira é não deixar a bolinha cair. Quando a gente entra para brincar ombro a ombro, a gente entra para brincar de pingue-pongue, onde quem ganha é aquele que marca ponto em cima do outro. Eu acho que muitas coisas se perdem quando a gente entra nessa disputa, quando a brincadeira é a bolinha não cair todos ganham. A somatória final é preciosa para todos. Enquanto mulher, aí eu acho que tem duas coisas que percebe bastante com é a diferença, o sol como masculino, vem para nutrir o planeta, para aquecer o planeta e para proteger o planeta. Nós como mulheres, como a lua, temos fases, crescente, minguante, cheia e mudamos ao prazer da lua. Homens, repensem que tem esposa, filhas, mães. Mudamos sim porque temos hormônios que fazem essa mudança. Sei que, às vezes, é muito difícil de entender, porque a gente dorme dando boa noite, dando beijo, e acorda querendo morder vocês. Mas isso faz parte. Eu acho que é isso o bonito de ser mulher, porque a cada situação que passamos e vivemos vocês esperam que a gente tenha uma reação e, às vezes, aquela reação que vocês têm certeza que enquanto homens racionais vocês teriam, a gente tem exatamente o inverso. É o que enlouquece a maioria dos homens. Eu queria que a maioria das mulheres que estejam em casa hoje pensem, mesmo aquelas que não tiveram a oportunidade de estudar, de ser uma advogada, de ser uma médica, de ser uma dentista, uma engenheira, seja qual profissão foi, talvez essa mulher tem mais valor ainda, porque ela abdicou de sonhos preciosos para criar filhos, para cuidar de maridos, para cuidar de um lar. Ela não tem menos valia do que o enquanto médica, do que a colega enquanto advogada, com uma colega enquanto engenheira. Não é um diploma que faz uma mulher e sim nas nossas ações e o nosso caráter, a nossa convivência com cada um de nós, o que nós estamos plantando nesse terreno. Então, de uma maneira bem breve, eu queria que as mulheres que estão aqui presentes e as que estão nos escutando pensem que somos nós que educamos os homens, que homens vocês querem com companheiro, como filhos, como genro. Pensem. Somos nós que educamos. Se vocês são homens como vocês são de caráter digno, com certeza vocês foram educados por mulheres. Então, mulheres se valorizem por isso. Um feliz dia das mulheres no próximo dia oito e que vocês hoje, cada um que tem a mulher em casa, filhas, mães, que beijem e abracem elas, e consigam o olhar e respeitá-las como um ser que é digno que tem toda a força e o valor. Boa noite a todos”.

Data de Publicação: terça-feira, 01 de março de 2011