Dia do Bibliotecário e as funções da biblioteca

Boa noite a todos os presentes e aos ouvintes da Radio FMZ. Meu nome é Sandra Küster, sou bibliotecária da biblioteca municipal de Venda Nova e da Faveni. Estou aqui hoje por um motivo que me alegra muito, falar sobre meu trabalho, porque dia doze de março é dia do Bibliotecário, uma profissão muito nobre, mas ao mesmo tempo muito desconhecida. Hoje no Brasil somos cerca de trinta e dois mil bibliotecários e apesar do nome que remete à “biblioteca” o profissional que é bacharel em Biblioteconomia atua não só em bibliotecas, mas em todo e qualquer setor onde é necessário organizar informações em seus diversos suportes. Por este motivo é possível encontrar bibliotecários trabalhando em bibliotecas convencionais, mas também em empresas dos mais diversos ramos porque esta é a profissão que lida com o que há de mais importante no mundo, a informação. Uma curiosidade que posso contar e, que se hoje fosse aula de História, certamente o querido Professor Benito Caliman gostaria também, é a história do Bibliotecário grego chamado Erastóstenes que viveu no ano duzentos e setenta e seis A.C. e administrou a Biblioteca de Alexandria a mais importante do mundo antigo. Segundo registros históricos, foi ele que realizou o feito de medir a terra pela primeira vez a pedido do Rei Ptolomeu. Foi um grande desafio para ele, já que em sua época não existiam recursos, nem os instrumentos de precisão de hoje. E o mais incrível é que quando terra foi medida novamente já com os instrumentos e equipamentos modernos, descobriram que Erastóstenes errou a medida oficial só por alguns quilômetros de diferença. Sua persistência e inteligência o tornaram um grande bibliotecário no seu tempo. Com relação a minha experiência profissional aqui em Venda Nova tenho algumas considerações a fazer. A Biblioteca de Venda Nova foi criada pelo saudoso Prefeito Nicolau Falqueto no dia dez de maio de mil e novecentos e noventa, portanto são quase vinte e um anos de prestação de serviços à população do município e só durante o ano de dois mil e dez foram mais de onze mil usuários, ou seja, quase mil pessoas utilizam mensalmente os serviços de empréstimo de livros, acesso a internet para utilidade pública, pesquisa e realização de trabalhos escolares, além de usuários que vão a procura de informações em jornais e revistas. Neste universo de usuários destaco mais recentemente presença diária dos alunos do Ifes de Venda Nova que durante a semana, utilizam nosso espaço para seus estudos e realização de trabalhos escolares. Nossa biblioteca possui espaço físico de duzentos e cinquenta metros quadrados e um acervo com cerca de vinte mil livros, sendo oito mil e quinhentos títulos. Está sendo informatizada com o sistema chamado Sophia, um dos melhores programas para administrar bibliotecas, desenvolvido no Brasil e utilizado por grandes bibliotecas em todo território nacional. A informatização, por ser muito minuciosa, está em ritmo lento, mas constante. Esperamos logo poder deixar de realizar procedimentos manuais e utilizarmos o sistema para gerenciar os serviços de circulação e administração do acervo. O acervo da biblioteca municipal é bem desenvolvido, organizado e contempla as diversas áreas do conhecimento, como deve ser o de uma biblioteca municipal, porque precisa atender a usuários diversos. Um dos nossos desafios hoje é conseguir estabelecer uma equipe de trabalho fixa e bem capacitada, com conhecimentos específicos de biblioteca e com grande capacidade de lidar com o público, o que até o momento ainda não conseguimos, devido às constantes mudanças no quadro funcional, que são feitas de acordo com as necessidades dos diversos setores. Uma outra meta muito importante a ser atingida pela nossa biblioteca é a de construir vínculos com a comunidade vendanovense e com as escolas, trazê-los para participar e desenvolver atividades, para promover, opinar, sugerir e atuar junto com a biblioteca no sentido de ampliar e incentivar principalmente o hábito da leitura, que atualmente está sendo pouco trabalhado pela biblioteca em função de vários fatores. Uma observação que acho importante fazer é que os estudantes hoje, confiando muito só na internet estão deixando de lado uma ferramenta vital para fortalecimento dos seus estudos, os livros. É preciso chamar a atenção sobre esta delicada questão, pois o atual lema do “copiar, colar e imprimir” pode custar muito caro no futuro. Nem sempre os sites onde se pesquisam e copiam informações são cem por cento corretos e futuramente o “estudo virtual” pode conquistar também um “diploma virtual”. Os professores, pais, alunos, precisam abrir os olhos para isso e estar atentos, pois a internet deve ser só mais um complemento e não a tábua da salvação. Gostaríamos, a partir de dois mil e onze, de modificar alguns padrões estabelecidos e iniciar uma nova trajetória para que a Biblioteca Municipal Prof. Benito Caliman conquiste mais leitores e amplie sua atuação no município. Contamos com a Prefeitura, com o apoio desta casa e de todos que legislam aqui para que a cada ano a Biblioteca Municipal possa oferecer serviços com mais eficiência e mais qualidade para toda comunidade. Voltando a questão do trabalho como bibliotecária, confesso que não tem sido fácil o caminho escolhido. Trabalhar em bibliotecas públicas no Brasil quase sempre é sinônimo de “grandes dificuldades”. Nosso país apesar de já ter dado passos largos nos últimos anos em prol da educação e da formação de leitores, infelizmente ainda não alcançou o patamar desejado e há muito trabalho a ser feito. Ano passado atuei por três meses, na escola municipal do Caxixe e com esta experiência me dei conta do quão importante e necessária pode ser nossa atuação como profissionais da informação e da leitura. Do ônibus que me levou para o trabalho além das paisagens eu observava as crianças e professoras. Elas, guerreiras corajosas e cheias de garra, educadoras com um longo caminho a percorrer em estrada de terra a caminho da escola, estrada percorrida também por inúmeros alunos sorridentes e barulhentos que iam sonhando com as primeiras letrinhas escritas. É muito gratificante ver que apesar de todas as dificuldades, muitos têm a coragem e o calor na alma que impulsiona para o futuro melhor, pois estudando, dominando a leitura e a escrita terão oportunidades melhores. Dizem que o brasileiro “não gosta de ler”, mas eu me pergunto sinceramente: o brasileiro não gosta de ler ou, o brasileiro não teve durante décadas e décadas acesso democrático aos livros? O bibliotecário tem um importante papel a desempenhar como “agente de transformação”, mas infelizmente a sociedade além de não reconhecer este profissional, também desconhece seus talentos, sendo comuns perguntas do tipo: Precisamos realmente de um Bibliotecário? Para que ele serve? Nossa! Existe curso superior de Biblioteconomia? O antigo mito do “Bibliotecário mal humorado, guardião dos livros” ainda resiste em muitos lugares do Brasil e faz com que se tenha uma idéia deturpada da realidade que é a do profissional atualizado, pró-ativo, eficiente e engajado no processo de construção de uma nação leitora. A sociedade precisa se conscientizar da importância das bibliotecas no processo de aprendizagem e os benefícios que oferece para os que buscam nela o conhecimento. Os bibliotecários precisam se reciclar, mudar sua postura, repensar suas práticas, se tornarem mais humanos, mais pró-ativos e menos tecnicistas. Na era digital é preciso que a informação seja encontrada com precisão e eficiência, avaliada e disseminada para os que precisam e assim, absorvida e compreendida, se tornar conhecimento. Este é o caminho traçado com qualidade e eficiência e assim, haverá progresso e evolução. Informação estagnada, apertada em prateleiras de estantes, onde o público não é cativado e incentivado para consultar não serve para nada. Somado a isso se o profissional também não tem carisma e amor pelo que faz a única coisa que conseguirá transmitir é o vazio da ignorância. O conhecimento conquistado pelo domínio da leitura é uma arma poderosa e invencível, contra o analfabetismo, contra a ignorância, contra a falta de perspectivas e principalmente contra a falta de esperança num futuro melhor, mais digno. O professor que lê, será um bom formador de leitores, pais que leem criam filhos leitores, um governante que lê e valoriza a leitura, com certeza está se preocupando com o futuro das suas crianças. Um bibliotecário que trabalha com o coração e se empenha na busca por uma biblioteca eficiente e ativa está trabalhando em prol do progresso, pois um povo leitor, certamente será menos manipulável, mais esclarecido, mais crítico e consequentemente mais iluminado. A luz que brilha nas mãos dos Bibliotecários, precisa se tornar cada dia mais forte e mais ardente, caso contrário será só uma vela, fraca e sem brilho, no fundo de um túnel escuro e sem volta. Agradeço de coração a oportunidade que me foi dada hoje, o convite do Presidente da Câmara, o Sr. Fernando, para que eu pudesse falar sobre minha profissão. Aguardamos a visita de todos na Biblioteca Municipal que está de segunda à sexta-feira das sete às dezoito horas e trinta minutos, de braços abertos esperando por vocês, com o objetivo de informar, enriquecer e iluminar a vida de todos, desde o mais pequenino até o mais experiente. Aproveito para agradecer o empenho diário dos meus companheiros de trabalho Jésus, Margarida, Samantha e com especial carinho a Márcia Stein que em fevereiro completou quinze anos de trabalho e dedicação à Biblioteca Municipal e também agradeço especialmente a presença da minha filha Elis que mesmo pequena, hoje já é uma grande leitora e o maior motivo de eu trabalhar por um mundo melhor. Enfim, aguardamos a todos, porque nosso objetivo na biblioteca é mostrar para Venda Nova do Imigrante que ler ajuda a compreender melhor o mundo, o que torna nossa vida melhor e assim, nos tornamos pessoas melhores também. Fiquem com Deus e que São Jerônimo, protetor dos Bibliotecários nos abençoe”.

Data de Publicação: quinta-feira, 10 de março de 2011

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